Primeiros passos para aprender uma música nova

Dentre as várias atividades que envolvem a prática musical certamente aprender músicas novas é uma das mais gratificantes. Geralmente é fonte de motivação, traz novos desafios e costuma ocupar boa parte do estudo de um músico.

No entanto, nem sempre é tão claro o caminho de como levantar uma música do zero. Para os bem iniciantes, ler as notas e executar aquela sequência complexa de movimentos já é um grande desafio. Entre os mais avançados, alguns iniciam resolvendo questões técnicas, outros estudam somente a partitura e ouvem gravações, e por aí vai.

Mas, então, há uma maneira ideal de iniciar o estudo de uma música nova? Nunca poderia dizer aqui que há uma abordagem certa, única e mais eficaz.  Se alguém disser isso por aí, suspeite…

E como os músicos mais avançados fazem?

Dependendo do nível do músico, da experiência e preferência pessoal, da dificuldade da música, do estilo musical, das características do instrumento, as formas de se estudar podem variar muito. Para citar um exemplo, uma pesquisa realizada por Susan Hallam investigou como os músicos profissionais aprendem as músicas e evidenciou um pouco dessas diferenças.

Nessa pesquisa, alguns sujeitos demonstravam um estilo de aprendizado mais holístico, partindo do estudo da música como um todo. Já outros trabalhavam de forma mais serial, desenvolvendo uma pequena seção de cada vez. No estudo da interpretação havia também preferências diferentes, ora por uma abordagem analítica (partindo em uma compreensão mais intelectual)  ora intuitiva (baseado mais na experimentação e sem motivos tão explícitos para suas escolhas). Havia também aqueles cujas práticas incluíam ambas as formas holística/analítica e serial/intuitiva.

Apesar dessa variedade, um ponto destacado nos resultados da pesquisa é que a abordagem mais analítica ou uma combinação das abordagens possivelmente levaria a um melhor desenvolvimento intelectual. Sendo assim, do ponto de vista educacional, seria interessante incentivar os estudantes a iniciar o estudo de uma música nova estabelecendo uma visão geral da peça, partindo de uma abordagem mais analítica. Certamente isso estimularia o desenvolvimento de interpretação própria e um estilo pessoal, fomentando a criatividade artística.

Essas ideias da pesquisa de Hallam dialogam com informações da literatura não científica, escrita por músicos e professores. Alguns exemplos são os livros de William Newman (The Pianist’s Problems, 1956), Richard Provost (The Art & Technique of Practice, 1992) e Gerald Klickstein (Musician’s Way, 2009) que trazem sugestões para iniciar o estudo de uma música nova.

Algumas dicas para aprender uma música nova

Se você não tem uma ideia de como fazer ou gostaria de repensar a maneira de estudar, trago aqui informações que podem servir ponto de partida.

Com base nas referências citadas no post, elaborei o infográfico abaixo. Nele estão agrupadas em 3 momentos, atividades que devem fazer parte do aprendizado de uma música, de modo geral. Esses momentos seriam:

1. Compreensão: absorver a sonoridade da música e entender o conteúdo.
2. Construção: trabalhar elementos técnicos para elaborar sua interpretação.
3. Performance: refinar detalhes e a coerência do todo, preparando para performance.

Tente usar o infográfico como uma referência para refletir sobre como você estuda uma nova música.

E para fechar, talvez a dica mais importante desse post é que: estudar música não é só tocar o seu instrumento. Há muito mais a fazer no momento em que pratica que pode acelerar seu desenvolvimento.